FILOSOFIA MODERNA E SUAS CARACTERÍSTICAS
Filosofia moderna é
aquela que se desenvolveu durante os séculos XV, XVI, XVII e XVIII, tendo seu
início no Renascimento e se estendendo até Emanuel Kant.
Esta filosofia
possui algumas características que são consequências da perda de contato com as
grandes sínteses surgidas no século XIII, sendo as principais as seguintes:
1. Individualismo:
quer dizer, a tendência a descuidar da tradição para acentuar o caráter
pessoal do próprio pensamento. A filosofia medieval, caída em descrédito,
é comumente ignorada ou conhecida superficialmente. Os novos filósofos não
crêem que valha a pena obter conhecimentos profundos acerca de uma doutrina que
todos consideram superada. Daqui a tendência a construir cada um uma síntese
total desde os fundamentos, e daqui também a multiplicidade de sistemas, aliás
contraditórios entre si. A atitude de Descartes, como a de Bacon e a de Kant, é
a de começar desde o princípio, refazer o todo, ser iniciadores.
Nasce desta
maneira uma alteração do conceito de verdade filosófica que se
contamina com o de
2. Originalidade:
contaminação não declarada, mas real. Concebe-se a originalidade mais comonovidade que
como 're-pensamento', penetração e desenvolvimento progressivo de um núcleo já
discutido e aceito. A filosofia tende, deste modo, a apresentar-se como
uma revelação, uma manifestação da individualidade de cada filósofo,
fracionando-se nas várias 'visões de mundo', condicionadas pela capacidade
engenhosa de cada personagem e de cada nacionalidade. Parece que se perde o
conceito mesmo de verdade e de filosofia como patrimônio necessariamente
universal e susceptível, portanto, de graduais aperfeiçoamentos, para transformá-lo
no conceito artístico de criação original.
A
originalidade da filosofia traz consigo outro caráter a mais
Outros
dintintivos da filosofia moderna são a crescente tendência a fazer da
razão não somente o tribunal supremo, mas também a característica peculiar do
homem; sua separação completa da teologia, sendo-lhe muitas vezes até
mesmo hostil; o abandono da língua latina, substituída pelas línguas
vulgares; a multiplicação dos centros de cultura devido a quebra da
unidade doutrinária: a cismundanidade, ou seja, o objeto de estudo
passa a ser preponderantemente o mundo de cá, dos homens, abandonando quase por
completo atransmundanidade tão presente na filosofia realista; daí, a atenção
voltada primordialmentepara a Natureza, levando deste modo ao triunfo do ponto
de vista do quantitativo e do mensurável.
De tudo isso
pode-se inferir que o significado, a validade das diversas
sínteses da filosofia moderna não está na sua integridade de síntese, mas
somente naquelas doutrinas parciais e naqueles aspectos também parciais que
constituem, de fato, não um abandono, mas um estudo mais profundo e um
desenvolvimento de elementos que podem enriquecer as grandes linhas da síntese
filosófica realista, objetiva, verdadeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário